Conclave Histórico: A Igreja Católica Rumo a um Novo Horizonte
Após a era Francisco, cardeais de 71 nações definem o futuro do papado em meio a desafios globais e tensões internas.
Por Kaká Amaral
Publicado em 27/04/2025 14:28
Mundo

Após o falecimento do Papa Francisco na última segunda-feira (21), a Igreja Católica se prepara para um conclave histórico. Cento e trinta e três cardeais, provenientes de 71 países diferentes, terão a responsabilidade de eleger o novo pontífice. Esta diversidade geográfica marca um aumento significativo em relação ao conclave de 2013, que contou com cardeais de 48 nações. Países como Mongólia, Laos, Papua-Nova Guiné e Mali farão sua estreia na assembleia.

Essa representatividade global, impulsionada pelas nomeações de Francisco, reflete uma mudança no perfil da Igreja Católica e um desejo de valorizar igrejas locais engajadas em questões sociais e políticas, conforme aponta o historiador Gian Luca Potestà. No entanto, especialistas alertam que o conclave não deve ser interpretado como uma disputa entre nações.

Entre os cardeais votantes, a maioria expressiva, 108, foi nomeada pelo Papa Francisco. Outros 21 foram elevados ao cardinalato por Bento XVI, e apenas 4 por João Paulo II. Apesar das indicações, analistas ressaltam que a votação não seguirá necessariamente as linhas de atuação dos papas que os nomearam, dada a trajetória individual e a experiência de cada cardeal.

A média de idade dos cardeais eleitores é de 69 anos. O cardeal mais jovem é o ucraniano Mykola Bychok, com 45 anos, enquanto o mais idoso é Jean-Pierre Kutwa, da Costa do Marfim, com 79 anos. Apenas cardeais com até 80 anos têm direito a voto.

Contrariando a lógica da política secular, a eleição papal dificilmente se resumirá a um embate entre progressistas e conservadores. Embora existam alas com diferentes visões sobre temas como a acolhida à comunidade LGBTQIA+, o papel da mulher na Igreja e a liturgia, esses posicionamentos ideológicos tendem a ter um peso menor na decisão final. A dinâmica do conclave é mais complexa, com cada cardeal exercendo uma considerável autonomia em suas dioceses, assemelhando-se a "senhores feudais", na analogia do sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto. Os critérios de votação provavelmente se concentrarão em outros aspectos, como a capacidade de liderança, a experiência pastoral e a visão para o futuro da Igreja em um mundo em constante transformação.

 

 

 

 

 

 

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